O Corpo de Bombeiros está fazendo 130 anos. Exatamente no dia 10 de março de 1880 começa a funcionar a Seção de Bombeiros no Estado de São Paulo.
No início, tudo era muito precário ainda. Cerca de 20 homens trabalhavam na corporação, mas não havia a tecnologia que temos hoje, nem carros suficientes e eficientes.
Muitas desgraças ocorreram para que os bombeiros fossem melhorando cada vez mais o seu trabalho. Os incêndios que ocorriam eram em menores proporções, nada tão difícil de resolver, até chegar o dia 24 de fevereiro de 1972, quando o Edifício Andraus pega fogo. Foram 16 mortes e 375 pessoas feridas naquele prédio de 31 andares. A primeira grande catástrofe que fez com que surgisse um grupo de trabalho para propor reformas ao então Serviço de Bombeiros.
Em 1° de fevereiro de 1974, após um curto circuito no ar condicionado do Edifício Joelma, bem no centro da cidade, uma catástrofe maior ainda acontece. O incêndio que tomou conta do Joelma levou a óbito 189 pessoas. Foi um grande desastre, 318 bombeiros foram enviados ao local mas não havia muito o que fazer, visto que as chamas e fumaça tomaram conta de todo o prédio. A situação foi tão marcante que rendeu até um filma, Joelma – 24 andares, que conta sobre uma moça que estava no edifício quando ele pegou fogo e que acabou morrendo no acidente. A história é baseada na psicografia do médium Chico Xavier.
E mais uma vez em fevereiro, mas no dia 14 do ano de 1981, outro edifício entra em chamas. Desta vez é o Grande Avenida, prédio de 23 andares localizado em plena Avenida Paulista. Nesse incêndio 17 pessoas morreram e 53 ficaram feridas. E começou aqui o meu “trauma de incêndio”.
Eu tinha sete anos. Estava em Santos com meu pai, na casa de meus tios, quando fiquei sabendo o que ocorria: “Você viu? Está pegando fogo no prédio lá da Paulista”, disse meu tio. Gelei. Eu morava na Paulista naquela época. E minha mãe estava em casa. Foi quando meu tio ligou a tv e vi as imagens. Meu pai decide voltar imediatamente, sabendo que minha mãe estava sozinha e morávamos justo em frente o prédio que estava pegando fogo.
Lembro-me de subir a Imigrantes tremendo. O que vi pela tv foi o suficiente para me apavorar. E quando cheguei em casa, ainda vi o resgate de pessoas, o prédio ainda em chamas, correria e gritos pra todo o lado. Para uma criança de sete anos, o medo passava a tomar conta para o resto da vida.
Até hoje não posso ouvir a sirene do bombeiro que já lembro da época. Não moro mais em prédio alto, o que me ajudou muito quanto ao trauma. Mas não esqueço da valentia dos bombeiros entrando naquele lugar horrível e ajudando as pessoas. Depois disso, muitos outros grandes acidentes aconteceram, como os de avião, outros incêndios, outros resgates. Mas o do Grande Avenida foi o que me marcou. E me mostrou como existem pessoas corajosas, que arriscam a própria vida para salvar outra.
Sempre procuramos herois para a nossa vida. Os dos quadrinhos e filmes são os que mais encantam. Mas esquecemos que na vida real existem grandes herois, pouco reconhecidos, mas que ao soar de um alarme estão prontos para ajudar. Fica aqui minha homenagem a esses grandes profissionais e aos 130 anos do Corpo de Bombeiros.
Olá Silvia, tudo bem?
ResponderExcluirValeu por visitar meu blog, já estou linkando seu endereço lá.
Sobre sua postagem, ser bombeiro é um dos trabalhos mais difíceis e que merece ser elogiado sempre.
A questão dos incêndios que você citou, eu assisti ao filme sobre o Joelma na tv há um bom tempo e lembro que na época foi extremamente marcante, apesar de que tecnicamente o longa não é lá grande coisa. Ainda bem que os edifícios atuais são bem mais seguros neste sentido.
Até mais