Novo RoboCop encara personagem mais humano e realista
Em 1987, surgia um filme que ficaria para a memória
do cinema oitentista. RoboCop – O Policial do Futuro, uma espécie de policial
futurista, levou toda uma geração a curtir o que seria o grande acontecimento
em filmes policiais.
Dirigido por Paul Verhoeven, o longa apresentava o
policial Alex Murphy (Peter Weller), que em meio a grande violência de Detroit
e a introdução de máquinas e robôs no serviço policial, acaba levando um tiro
fatal e é transformado numa máquina a serviço da justiça.
Baseado neste grande blockbuster, eis que nosso
brasileirinho José Padilha (Tropa de Elite 1 e 2) resolver colocar a mão na
massa e trazer o remake de volta para as telinhas.
Para o personagem principal, o escolhido de Padilha
foi Joel Kinnaman. No novo RoboCop, algumas coisas foram modificadas do que
conhecemos. No de Verhoeven, por
exemplo, o policial tinha como aliada a policial Anne Lewis (Nancy Allen), que
vivia no pé do colega e acabou percebendo que o RoboCop era nada mais, nada
menos, que seu parceiro transformado em um quase robô.
Já neste remake, quem está sempre atrás de Alex é sua
esposa, Clara Murphy (Abbie Cornish), que não aceita que seu marido seja apenas
uma máquina de matar e o quer como o marido e pai que sempre foi. Um ponto
positivo para Padilha, já que pelo menos eu não suportava aquela Nancy Allen
gritando “Murphy, é você?” o tempo todo.
No primeiro filme, o que parece é que Murphy está
dentro de uma roupa de robô. Já Padilha expõe a situação real do policial, e
porquê ele precisou estar nessas condições. A cena é sinistra, pode acreditar,
você ficará com pena do policial e até um tanto impressionado. Mais um ponto
para Padilha.
Também vemos no remake uma maior participação das
empresas OmniCorp, onde o ambicioso e bilionário Raymond Sellars (Michael
Keaton, nosso ex-Batman), financia todas as experiências do Dr. Dennett Norton
(Gary Oldman), que está justamente à procura de um homem para substituir as
máquinas.
Uma grande participação de Oldman neste filme. Gostei
muito de sua evolução na história, principalmente com o desfecho que ele traz.
Keaton também não está nada mal, mas citemos aqui Jackie Earle Haley no papel
do instrutor militar Rick Mattox, que sempre se refere a Murphy como o “homem
de lata”, fazendo parecer que agora ele se resume àquilo e não é mais um
humano.
E a participação especial fica por conta de Samuel L. Jackson, que interpreta o âncora
de TV Pat Novak. É ele quem irá introduzir toda a história para que haja a
discussão sobre a violência e a solução para ela nos EUA.
A versão de Padilha nos faz pensar se o projeto da
OmniCorp realmente é viável, se eles têm a “posse” do homem-robô, se o ser
humano dentro da máquina tem ou não o direito de continuar uma vida como
pretende.
E daí vem a questão: o do Padilha é melhor do que o
de Verhoeven? Gente, esqueça o antigo. Vá assistir ao novo RoboCop com a mente
limpa e sem querer muita comparação com o dos anos 80.
O RoboCop de Verhoeven é muito bom, um marco da
época, filme para ter guardado em casa. Nunca deixará de ser. O de Padilha é
uma novidade, algo que ele fez pensando no anterior, mas mudando as
características para que não fosse igual.
Sim, é bem diferente, uma nova visão do policial do
futuro, que se você for assistir pensando só em comparar com o original, irá se
estressar e talvez nem gostar do filme.
O filme é bom, com boa fotografia e um elenco de peso.
É o início de uma nova franquia que promete tentar convencer as novas e antigas
gerações. Vale dar um crédito para a versão do brasileiro.